Na mesma semana que o técnico da seleção masculina, Dunga, fez um comentário extremamente preconceituoso disfarçado de piadinha, acompanhamos uma infeliz enxurrada de chorume comentários do mesmo nível sobre a moça do tempo do Jornal Nacional, a maravilhosa Maria Júlia Coutinho (Maju). Em uma foto da moça postada pela página do Jornal Nacional, pessoas fizeram comentários como "seu lugar nao é ai nao... temmq virar vc ao contrario pra tu trabalhar de vassoura com esse cabelo ai kkkkkkk", "como saber se o alimento favorito desta negra é uma banana?", "não bebo café pra não ter intimidade com preto", "só conseguiu vaga no JN por causa das cotas, preta macaca" e o pior (em caps lock): "VOCÊ É UMA VAGABUNDA, TODA VEZ QUE VEJO VOCÊ JÁ PENSO QUE VAI CHOVER, TUDO PRETO NESSA PORRA". What?

Primeiramente analisemos a conduta dos agressores da Maju:
Art. 140 (Código Penal). Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses ou multa.
(...)
p. 3°. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena: reclusão, de um a três anos e multa.


Art. 5° (Constituição Federal). Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

É muito difícil escrever sobre uma coisa tão óbvia... as práticas racistas no Brasil sempre foram passadas de geração a geração, como simplesmente "piadinhas". Tais "piadinhas" sugerem que nós, negros, somos preguiçosos, ~fedorentos~, nojentos, drogados, cachaceiros, não confiáveis, subordinados, "não fazem nada direito", "serviço de preto", cabelo ruim, pezinho na senzala... as mulheres negras então, sempre sendo hipersexualizadas, sempre ouvindo sobre o estereótipo da mulher negra na cozinha de casa servindo o homem branco, da empregada doméstica, da babá negra, favelada, barraqueira, desleixada, ironizada e ridicularizada. "Ah, mas é só piadinha, você é muito sem graça, isso é censura!" Gente, uma piada que tem como propósito ofender alguém, não chama piada, chama injúria racial, como demonstrado acima. As pessoas negras não são o que os estereótipos das novelas globais mostram.

A Maju não é preta nojenta, nem vagabunda, e muito menos entrou no JN por cotas (HAHAHA, really?). A moça é formada em uma das maiores faculdades de jornalismo do país, a Cásper Líbero, e a gente gostando ou não de TV ou da Globo, esteve nos programas de maior repercussão nacional. Não é pra qualquer um. Tem que ter competência DEMAIS! Ela é simplesmente a diva que eu quero copiar!

Pra finalizar, deixo aqui a nova música do Emicida, simplesmente para reflexão: Emicida - Boa Esperança

"Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa"


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