Passei a vida inteira acreditando que para ser feliz eu dependia da presença e apoio de outras pessoas, que sem o suporte delas eu não iria a lugar algum e sem a sua companhia eu não poderia ser ninguém. Acreditei que a minha existência, e, além disso, a minha felicidade, dependiam de outras pessoas.

Só que depois de muito tempo vivendo em função delas, percebi que ao me olhar no espelho eu não me reconhecia, que através dessa dependência eu havia anulado a minha personalidade. Tudo isso pode ser explicado pela minha Vênus em Peixes, ou, encarando os fatos, pela necessidade que tenho em agradar a todos do meu convívio. Não sei de onde nasceu essa necessidade, assim como não sei quando exatamente comecei a procurar dentro de mim respostas as quais eu não encontraria se não me deixasse encarar a realidade sozinha.

A solidão sempre foi algo que me assustou mais do que qualquer coisa e continua sendo um dos maiores desafios na tentativa de autoconhecimento que venho vivendo. Porém, existem fases da vida em que necessitamos da solidão, ela não deveria ser encarada como algo tão terrível, ser sozinho nem sempre é sinônimo de infelicidade. Muitas vezes ela vem pra boas coisas, pra novas vivências, novas interpretações que não podem ser adiadas mais uma vez.


Não posso mentir, ficar sozinha ainda me assusta, as vezes o sentido das coisas parece sumir e me perco, sem ter a quem perguntar a direção correta. Mas ao me encontrar, sinto que sou o suficiente e, sentir-se suficiente a si próprio é incrível, empoderador e libertador.

Libertar-se é doloroso, e conhecer-se, muitas vezes, sufocante. Não podemos fugir de nós mesmos como fugimos de qualquer outro incômodo, mas no final tudo se acerta, dia após dia, com infelicidades e felicidades, do jeitinho que a vida nos proporciona seja qual for o assunto.
As infelicidades são perturbadoras e as felicidades têm um brilho inimaginável, mas também existem os momentos de vazio, isolar-se traz consigo buracos irreparáveis, e não adianta tentar tapar de qualquer jeito, não funciona, já lhe adianto!

É difícil falar sobre essas coisas, acredite ou não, esse texto está no rascunho há semanas, parecem não existir palavras, parece que tá tudo errado, nada parece o suficiente, assim como todos os dias em que venho pensando e encarando a realidade. Mas no final, vale a pena. No final você publica o texto, ou encontra a realidade, ou pelo menos tenta, a tentativa fortalece, revigora, te faz levantar da cama, mesmo que em algum momento você vá voltar a deitar.

Não existe um final que caiba tão bem a todos esses sentimentos confusos, como um final sem moral da história, eu ainda não encontrei.


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