Por todos os meus 19 anos de vida, eu nunca, nem uma única vez, havia me sentido representada pelo futebol.
Aliás, eu tenho um profundo receio ao assunto, já que, poucos devem saber, mas perdi um parente muito próximo pela violência de algumas pessoas que amam esse esporte.
Meu tio morreu aos 27 anos, 12 anos atrás, por ser torcedor de um time, foi morto pela intolerância, pela
violência que o futebol carrega, pela segregação que o esporte representa no
Brasil. Afinal, religião, futebol, e política não se discutem, e ele aprendeu isso da pior forma possível.
Eu posso falar besteira sobre o assunto - e me desculpem os conhecedores - mas se falo, é por que nunca tive oportunidade de aprender a respeito.Poucas mulheres têm essa oportunidade, o futebol é extremamente machista e disso todas nós já sabemos.
Quando eu tinha 7 anos, antes de toda essa tragédia acontecer, eu tentava me aproximar dos moleques que jogavam futebol na rua, mas é claro que desde então eles me ensinaram que meu lugar não era entre eles. Nem na rua, nem nos videogames.
Por esse motivo tantos homens ganham destaque no meio, enquanto as mulheres que participam do esporte têm pouquíssima visibilidade e oportunidade.Porém, recentemente uma notícia me chamou atenção, o Fifa 16, jogo de videogame futebolístico conceituado contará com times femininos, sendo o primeiro da história das franquias de jogos de futebol a representar mulheres nesse segmento.
Obviamente o anúncio do jogo provocou alvoroço entre os machistas de plantão que dispararam críticas e piadinhas imbecis nas redes sociais.Observando esse comportamento retorno ao tempo em que não me deixavam jogar, em que demonstravam que isso não era coisa de menina.
Incentivo, ao contrário do que muitos pensam, é algo que conta muito na formação de uma criança, não é por que o futebol está ali, que meninas irão ter interesse sem qualquer incentivo, é obvio que o que vivenciamos na infância interfere no resto das nossas vidas e sempre que toco nesse assunto recebo como resposta que "Existem mulheres que jogam/gostam da futebol, mas é preciso deixar bem claro que: A EXCEÇÃO NÃO DEVE SER LEVADA COMO REGRA.
A história dos videogames conta quase que exclusivamente com representações femininas hipersexualizadas, além da fragilidade como principal característica,como a história da princesa e sua necessidade de ser resgatada por um personagem masculino.
Ao receber a notícia me enchi de felicidade e ansiedade para o lançamento do jogo, apesar de não ter experiência alguma nesse assunto o Fifa 16 me despertou enorme interesse, é como um grito do futebol feminino demonstrando que "EI, NÓS ESTAMOS AQUI, VOCÊS TAMBÉM PODEM!"
Acredito no esporte como grande possibilidade de união e avanço para a humanidade, desde que, além de fanatismo exista igualdade, e claro, REPRESENTATIVIDADE.